Terça-feira, 17 de novembro de 2015
Última Modificação: 26/01/2017 15:16:39 | Visualizada 584 vezes
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Afastadas de recursos, como saúde, educação e assistência, quatro mulheres moravam na área rural de Fernandes Pinheiro. O isolamento as deixavam longe de seus diretos de cidadãs, que foram violados por quase uma vida inteira. Porém, essa realidade mudou e a vida delas ganhou um novo rumo, através do trabalho realizado por equipes da Prefeitura Municipal, que uniram forças para garantir a elas melhores condições.
Simone Chaves eNilceia Chaves são irmãs. Junto com elas moravam na casa, localizada na comunidade de Assungui, a dona Rosa, que é mãe das duas e a Alessandra Chaves – filha de Nilceia. Para chegar onde residiam era preciso caminhar por mais de um quilômetro após a estrada principal. Veículos não tinham acesso, pois é um local de mata fechada.
O casebre não possuía banheiro, energia elétrica e água potável. As condições eram precárias. O trabalho da Secretaria Municipal de Ação Social começou com a dona Rosa, que possui problema renal e necessita de tratamento de hemodiálise algumas vezes por semana. Como carros não chegavam até a casa, conseguiram uma vaga para ela no asilo de Teixeira Soares, para que além de transporte, também recebesse cuidados com a alimentação e saúde, com medicamentos.
Segundo a secretária de Ação Social, Eliane Neivert, quando realizaram a primeira visita para elas, se assustaram com a realidade em que viviam. “Sabíamos que seria um desafio tirá-las de lá. Mas, víamos que naquela situação não poderiam mais ficar: aquela casa era gelada, sem água, luz e qualquer tipo de acesso”, explica.
O trabalho foi iniciado em 2013. Naquele ano, trouxeram Nilceia e sua filha, Alessandra, e Simone, que é aluna da APAE do município. A assistente social Roberta Guscioraconta que uma casa foi alugada para acomodar a família. Como uma delas recebe benefício, foi possível arcar com a despesa. Em contrapartida, a Secretaria de Ação Social forneceu o que precisavam, como alimentos. Também, com apoio da APAE, foram conquistados os móveis.
Eliane comenta que foi difícil tirar elas da área rural e trazer para a cidade, e que a equipe teve receio se acostumariam ou não. “Fizemos um trabalho integrado de assistência social, em parceria com a Saúde, que nos auxiliou muito e ainda continua prestando apoio”, relata. Também os vizinhos da casa alugada ajudaram as três se adaptarem a nova realidade, como com a utilização do fogão a gás para cozinhar.
Para Roberta, tudo o que foi feito pela família permitiu que ganhassem autonomia. “Hoje, cuidam do seu próprio dinheiro, pagam as contas de água, luz, vão ao mercado. Elas têm a liberdade de ir e vir. Estão próximas de recursos, tem acesso a chuveiro elétrico, compraram televisão e celular, que antes não tinham”, explica.
Para o psicólogo Gabriel Kruger, desde que saíram do casebre que moravam no interior, se desenvolveram muito. “Lá elas tinham todos os seus direitos violados, estavam excluídas. Agora, elas têm acesso a saúde, alimentação. A Alessandra vai para escola. Está sendo garantida a cidadania e acredito que elas irão progredir ainda mais, com a convivência com outras pessoas”, ressalta.
CASA PRÓPRIA
Nesta semana,Nilceia, Simone e Alessandra, tiveram mais uma boa notícia. Ficou pronta a casa própria onde vão residir em Fernandes Pinheiro. Neste período que já estão morando na cidade, venderam o terreno no Assungui e compraram um em bairro. A Prefeitura Municipal, com recursos próprios, construiu uma casa para elas.
“Somente essa conquista, de vê-las em uma situação digna, já faz valer todo o nosso trabalho. Estamos muito felizes”, diz Eliane Neivert. Além de deixarem de pagar aluguel, a família vai começar a residir em uma casa com cômodos adequados e próximo aos recursos que a cidade pode lhes oferecer. Já a dona Rosa, por orientação da equipe da saúde, permanecerá no asilo, onde está recebendo os cuidados necessários. Porém, constantemente recebe visitas das suas filhas e netas.
Kelly Ramos/Folha de Irati